Escutando de seu escritório o som de chaves pneumáticas e o ruído da decolagem de aeronaves na pista 27R em Atlanta, Curt Brooks, técnico-chefe de manutenção de solo, junto com seus 265 colegas, trabalha 24 horas por dia para manter o bom funcionamento da “outra frota” da Delta, os equipamentos de apoio de solo.
"Nós somos a base da operação", disse Brooks, funcionário que trabalha na Delta há 26 anos. "O avião é o equipamento que os clientes veem e conhecem, mas o equipamento de solo é a força nos bastidores que mantém os aviões, bagagens e pessoas circulando por todo o aeroporto."
A Delta tem uma frota de mais de 103 mil peças de equipamento de solo (GSE) em aeroportos por todo o mundo, incluindo de rebocadores e carregadores de bagagens a pontes de embarque, unidades de arranque pneumático e sistemas de bagagens em todo o aeroporto. Há equipamentos de grande e pequeno porte, complexos e simples, e ao mesmo tempo que desempenha um papel menos visível que as aeronaves da Delta, essa "outra frota” representa a grande quantidade de equipamento que torna a operação de uma companhia aérea global segura e confiável.
E são os técnicos em Atlanta, bem como em outros hubs e estações de Delta em todo o mundo, que trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana para manter todos os equipamentos e a companhia aérea funcionando. Eles realizam manutenção preventiva e reparos não programados no equipamento antes de enviá-lo de volta ao trabalho para ajudar os agentes a carregar caixas de carga, recuar aeronaves, eliminar o gelo de jatos congelados e organizar milhões de peças de bagagem por ano, entre outras funções.
Joe Fuqua, gerente geral de gestão de GSE, trabalha há 35 anos com os equipamentos de solo e diz manter uma extensa frota de veículos e equipamentos, distribuídos de Atlanta para o Japão e destinos isolados como Juneau, no Alasca, e isso significa que ele e seus colegas estão constantemente avaliando as necessidades operacionais e a compra de novos equipamentos, além de trabalhar para manter os equipamentos existentes em funcionamento.
"É uma operação complexa, pois trabalhamos constantemente para aperfeiçoar a frota GSE, ajustar as mudanças da rede e realizar uma ampla avaliação da frota de aeronaves da Delta, bem como aderir a diretrizes de conformidade ambiental local e regional", disse Fuqua. "Mas é um desafio que os funcionários da Delta enfrentaram e superam consistentemente."
Não tão diferente do que aviões
Similar à estratégia da frota de aeronaves da Delta, a companhia aérea tem sido bem sucedida em encontrar um equilíbrio entre equipamentos de solo novos e usados para apoiar sua operação global. O valor de um trator de reboque, por exemplo, é designado em sua maior parte por conta da estrutura de aço do equipamento, já que uma quantidade significativa de peso é necessária para empurrar - e parar - centenas de milhares de quilos de aeronaves.
Rever os sistemas do motor, da transmissão e outros componentes muitas vezes torna-se muito mais rentável ao invés de substituí-los, apesar da manutenção adicional necessária para manter os equipamentos mais antigos funcionando. Um Goldhofer Super Tug (um tipo de trator) novo, por exemplo, pode custar mais de US$ 1,4 milhões.
Para os funcionários de manutenção e técnicos, estar à frente de manutenções previstas e preventivas significou a execução da estratégia de GSE bem-sucedida da Delta – não muito diferente do programa de manutenção de aeronaves. Em um carregador de bagagens, por exemplo, os funcionários de manutenção e agentes do aeroporto monitoram cuidadosamente o tempo de uso e requerem inspeções programadas a cada 250 horas – uma ocorrência mensal em hubs como Atlanta e Minneapolis onde a utilização é intensa.
"A manutenção preventiva é a base do nosso programa de manutenção e garante segurança aos nossos clientes, ou seja, os agentes de solo e técnicos de manutenção de aeronaves possuem os veículos e ferramentas que precisam para realizar suas tarefas de forma eficaz", disse Fuqua.
Em todo o sistema, inspeções detalhadas indicam vazamentos e falhas, como resultado do desgaste regular, e são reparados preventivamente quando possível.
"Quanto mais manutenções preventivas realizadas, menos avarias temos na operação", disse ele. "Isso leva a uma operação mais segura e confiável para os nossos funcionários e clientes."
A importância dessa confiabilidade é algo que Max Klinger, um técnico de manutenção em solo cuja equipe inspeciona o sistema de bagagens em Atlanta, sabe muito bem. O sistema no ano passado organizou mais de 45 milhões de bagagens ao longo de quase 60 quilômetros de rampas transportadoras. É o maior sistema de transporte de bagagens de uma companhia aérea no mundo.
"Uma falha no sistema de bagagens não é realmente uma opção", disse Kling. Múltiplas redundâncias embutidas e uma ênfase na manutenção preventiva mantém as bagagens em movimento, em alguns lugares a velocidade chega a 152 metros por minuto. Sistemas similares nos hubs da Delta em Nova York, Minneapolis, Detroit, entre outros, contribuíram para o movimento de mais de 126 milhões de bagagens de clientes em 2015.
Eletrificação do GSE
Nos últimos anos, a Delta começou uma investida agressiva para reduzir suas emissões. Fuqua e sua equipe adquiriram mais equipamentos eficientes em termos de combustível e converteram um crescente número de carregadores de bagagens e de carga e outros equipamentos movidos a diesel para que funcionassem a partir de eletricidade. Agora, aproximadamente 15 mil peças de equipamentos de solo são acionadas eletricamente.
O retorno é quase imediato: motores elétricos simples necessitam de menos manutenção intensiva e conduzem uma confiabilidade geral maior; os motores são mais silenciosos, limpos e contribuem para a melhoria das condições de trabalho dos agentes.
O grupo está testando mais dispositivos movidos a energia elétrica no aeroporto de Minneapolis-St. Paul, avaliando o desempenho e a confiabilidade no clima abaixo de zero. Entre ATL e MSP, quase 20% do equipamento de solo fez a transição para modelos elétricos mais ecologicamente corretos, com mais de 2 mil dispositivos elétricos agora operando em todo o sistema.
"Há uma grande confiabilidade e custo benefício ambiental ao converter equipamentos existentes do mais poluente e menos eficiente diesel para eletricidade", disse Fuqua. "Nós vamos continuar a realizar investimentos prudentes em conversões adequadas para o benefício da companhia aérea e dos funcionários da Delta."
A Delta continua a superar as normas de emissões cada vez mais rigorosas da Califórnia, por meio da introdução de veículos que necessitam de combustíveis mais limpos, bem como equipamentos elétricos em todos os mercados que a Delta e seus parceiros Delta Connection operam. Enquanto o novo terminal de Salt Lake City é construído, a Delta irá introduzir equipamentos elétricos nesta estação e vários outros grandes aeroportos receberão veículos similares com emissões reduzidas e baixo consumo de combustível.
A equipe também trabalhou em algumas estações selecionadas para converter caminhões a diesel tradicionais para um biodiesel mais limpo e renovável, adicionado três veículos híbridos plug-in Porsche no LAX. Toda a frota da Porsche também é administrada pela equipe GSE da Delta. Modelos híbridos e híbridos plug-in adicionais são esperados em Seattle no futuro.
Um recurso móvel
Embora grande parte do foco do departamento seja baseado em melhorar a utilização e a confiabilidade dos equipamentos existentes, melhorias tecnológicas tanto nas aeronaves quanto nos equipamentos de solo exigem que a equipe seja ágil e inovadora em sua abordagem à estratégia de frota de equipamentos. A equipe GSE trabalha para buscar novos equipamentos enquanto analisa requisitos da rede – barras de reboque compatíveis a um tipo de aeronave, por exemplo – e transportando equipamentos existentes em todo o sistema quando necessário.
Quando a Delta iniciou operações sazonais em Juneau, a equipe GSE trabalhou para colocar rebocadores, engates, carregadores de bagagens e outros equipamentos em posição em tempo para a primeira chegada da companhia aérea à cidade, que carece de estradas ligando ao resto do estado do Alasca ou ao vizinho Canadá. Artigos mais recentes são frequentemente transportados para estações mais remotas como Honolulu e Anchorage, onde eles ficarão definitivamente devido aos elevados custos de transporte e limitada disponibilidade de peças de reposição.
"É um trabalho bem coordenado para garantir que temos o equipamento certo onde a rede e operação necessita", disse Fuqua. "Com os mercados sazonais, embora pareça um desafio, somos muitas vezes capazes de transportar o equipamento de uma estação para outra sem termos que buscar e adquirir novos GSE, que é um uso mais sensato do capital da companhia aérea."
A Delta também investe anualmente em comprar novos equipamentos, substituindo equipamentos de solo antigos para servir novas aeronaves como o Airbus A350 – previsto para se juntar à frota em 2017 – e, para isso, a companhia aérea trabalha com todas suas divisões TechOps, Atendimento ao Cliente em Aeroportos e Cargo para localizar o equipamento certo para o trabalho.
"Você não pode abastecer aviões, carregá-los com os clientes, bagagem e carga, eliminar o gelo ou rebocá-los para fora do portão sem a ajuda dos equipamentos que adquirimos e mantemos", disse Brooks. "O GSE é de vital importância para o funcionamento de uma companhia aérea."